27 de novembro de 2006

Sabedorias


A ÁRVORE INÚTIL

HuiTzu disse a Chuang:
Tenho uma grande árvore,
Que se chama «Malcheirosa».
Seu tronco é tão torto
É tão cheio de nós
Que ninguém pode tirar dela uma só tábua.
Os galhos são tão retorcidos
Que você não consegue cortá-los
De modo a que seja úteis.

Lá está ela à beira da estrada.
Carpinteiro nenhum a olhará.
Eis o seu ensinamento –
Grande e inútil.

Respondeu-lhe Chuang Tzu:
Já viu o gato do mato
Agachado, espreitando a sua presa -,
Pula assim, e assim,
Para cima e para baixo, e por fim
Cai na armadilha.

Mas o iaque, já viu?
Poderoso qual trovão
Mantém-se com sua força.
Grande? Claro que sim,
Mas não sabe pegar ratos!

Assim, a sua árvore inútil. Inútil?
Plante-a então em terreno baldio
Sozinha
E caminhe a esmo, em torno dela,
Descanse à sua sombra;
Nenhum machado ou decreto proclamará o seu fim.
Ninguém jamais a abaterá.
Inútil? Que me importa!


Thomas Merton, em «A Via de Chuang Tzu»

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