20 de dezembro de 2011

2011


© WAlves

O Sudão do Sul viveu momentos espaciais em 2011. No inicio do ano, os sul-sudaneses votaram em massa pela independência num referendo de autodeterminação e a 9 de Julho celebraram a independência com uma festa que varreu o pais de lés a lés.

A independência representou o fim de uma luta de mais de 50 anos pelo direito à autodeterminação com custos humanos tremendos: mais de 2,5 milhões de pessoas morreram em duas guerras civis e mais de quarto milhões foram deslocadas pela última guerra de 1983 ate 2005. Mas a fé e a força de vontade das gentes do Sudão do Sul venceram!
A lua-de-mel pós independência foi curta e os cidadãos e o governo depressa tiveram que confrontar a trindade do demónio que afecta o país: corrupção, tribalismo e nepotismo que gera violência e impede o desenvolvimento.
O Sudão do Sul apesar de estar na cauda dos índices de desenvolvimento humano, é um país rico em gente, petróleo, solos, água, florestas, minerais... Necessita de uma liderança que se preocupe com o bem comum e motive as pessoas a trabalhar os campos para além da agricultura de subsistência e a comercializar o gado.
A Rede Católica de Rádios do Sudão também viveu um ano especial em 2011 com as nove emissoras no ar. Um trabalho árduo que levou cinco anos de muita paciência, recursos e teimosia por parte da equipa comboniana, dos directores diocesanos e dos muitos colaboradores das estações. A cadeia tem também uma redacção central – a meu cargo – e um centro de produção que faz sobretudo programas de educação cívica.
A nível dos Combonianos, desde Janeiro que temos uma liderança nova e continuamos a fazer preparações para passar algumas obras que atingiram a maturidade à igreja local para ficarmos livres para outros trabalhos de fronteira. Em 2012, o Colégio de Lomin – com quase 300 alunas e alunos internos do ensino secundário – deve passar para a administração da diocese de Yei e a paróquia um ano mais tarde. Em final de 2013, os bispos devem nomear um jornalista para assumir o meu trabalho e um director para substituir a Irmã Paola na coordenação da cadeia.
Para o ano devemos abrir uma comunidade na periferia de Juba para a formação de sul-sudaneses que queiram ser combonianos, apostolado bíblico e assuntos de justiça e paz.
Este trabalho foi uma surpresa agradável. Eu seguia o projecto mas nunca imaginei acabar em Juba a fazer parte da equipa fundadora da cadeia. Tem sido um privilégio viver e trabalhar com esta gente, partilhar das alegrias da independência e das dores do parto da nova nação. Até porque o Sudão do Sul, juntamente com o Sudão, são a Terra Santa da família comboniana.

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