14 de setembro de 2014

PLANO PARA A REGENERAÇÃO DA ÁFRICA


Os Missionários Combonianos celebram a 15 de setembro os 150 anos da estratégia de São Daniel Comboni para a evangelização da África. Um esboço que começou como projeto de conversão e evoluiu para plano de regeneração.

Daniel Comboni intitulou o seu projeto para a evangelização da África «RESUMO DO NOVO PROJECTO da SOCIEDADE DOS SGDOS. CORAÇÕES DE JESUS E MARIA PARA A CONVERSÃO DA ÁFRICA PROPOSTO à S. CONGREGAÇÃO DE PROPAGANDE FIDE por P.e Daniel Comboni do Insto. Mazza 1864».

Na quarta edição, sete anos mais tarde, o título mudou para «PLANO PARA A REGENERAÇÃO DA ÁFRICA PROPOSTO POR P.e DANIEL COMBONI MISSIONÁRIO APOSTÓLICO DA ÁFRICA CENTRAL SUPERIOR DOS INSTITUTOS DE NEGROS DO EGIPTO QUARTA EDIÇÃO Verona Tipografia Episcopal de A. Merlo 1871 REGENERAÇÃO DA ÁFRICA COM A ÁFRICA.»

A mudança é significativa a vários títulos…

EDIÇÃO DE 1864

Dois olhares sobre a África: Comboni no Prólogo contrasta o olhar dos exploradores do século XIX e a do filantropo cristão: os primeiros querem desvendar os mistérios da África nos campos do conhecimento e do comércio enquanto os últimos olham para s condição dos africanos e procuram uma resposta através da «fraterna comiseração» e «eficácia da cooperação» «para o melhoramento da sua triste sorte» (E 801).

Decentralização: Comboni advoga a decentralização da missão para a conversão dos negros da Europa para as periferias da África (E 806) e fala da necessidade de um novo projecto, um novo «caminho possível» (E 809-810).Ele acredita que a «caridade do Evangelho pode oferecer ajudas e remédios comuns para a regeneração dos negros» (E 811). Apesar de o título indicar a conversão dos negros, a sua regeneração já está na mente de Comboni.

Global: O projecto é global, para toda a África, e inclui institutos masculinos e femininos, seminários, universidades, escolas técnicas de especialização (E 813; 838; 839).

Subsidiariedade: a evangelização da África é obra dos africanos; os institutos religiosos assistem na formação de catequistas, professores ou mestres e artesãos (E (823).

Inculturação: Exige dos institutos participantes a inculturação de um governo adaptado às condições locais (E 825). O curso básico para a formação de padres devia ser reduzido de 12 para seis até oito anos devido ao «amadurecimento precoce» dos africanos (E 831).

Mulher: A mulher tem um papel essencial: a regeneração da grande família dos negros «depende absolutamente» da «sociedade feminina africana» (E 829). Sugere a criação de Virgens da Caridade para o ensino e o ministério feminino (E 833).

Comité: Comboni propõe o estabelecimento de um comité de eclesiásticos e leigos para gerir e financiar o empreendimento missionário (E 841-842).



EDIÇÃO DE 1871

A IV edição fala de plano em vez de projeto e de regeneração em vez de conversão. O plano é mais cordial: «coração que bate», «amor que faz partir»… (E 2742).

O texto é mais longo e detalhado (a 1.ª edição tem 4,444 palavras e a 4.ª 5,378)

Salvar a África com a África: A visão de Comboni toma forma nesta edição e é incorporada no título. Trata-se de uma das frases de Comboni mais repetidas pelos jovens sul-sudaneses. Usando a linguagem moderna, a missão deve empoderar os africanos a serem os fatores da sua própria história (Ver E 3302).

Plano para planos: O Plano é um primeiro momento que vai dar origem a novas ideias, luzes, instituições, planos para o desenvolvimento do «ministério evangélico» (E 2788).

Eclesial: o plano vê a missão africana como uma obra católica que envolve toda a Igreja dos quatro cantos do mundo (E 2791).

Origens: A evangelização da África Central começou e, 1848 com os jesuítas e franciscanos. O Plano de Comboni tem raízes no seu amor incondicional pelos africanos e no falhanço da missão de Santa Cruz entre os Dincas do Sudão do Sul entre 14 de Fevereiro de 1858 e 15 de Janeiro de 1859. O mesmo aconteceu à missão de Gondokoro entre os Baris, onde se encontra hoje Juba. Comboni nota com tristeza que «a missão da África Central está quase morta» (E 942). A ideia surgiu em Colónia na Alemanha em 1863 (E 909) e desenvolveu-se numa viagem de comboio entre Colónia e Mogúncia (Mainz) (E 942). Foi escrito entre 15 e 18 de Setembro de 1864, em Roma, durante a preparação para a beatificação da irmã Margarida Maria Alacoque. Sessenta horas de escrita. «Como um relâmpago, iluminou-se-me a ideia de propor para a cristianização dos pobres negros um novo plano» para dar «maior vitalidade e solidez» à missão da África Central (E 4799). O plano também foi inspirado por Maria, como Comboni disse no Santuário Francês de La Salette (E 1639).

Colaboração: a missão precisa da ajuda de «muitos homens peritos» e Comboni quer «unir e utilizar no meu plano todos os que trabalham em favor da África» (E 942). A obra deve ser católica (E 944).

Funcionou: Numa carta ao Cardeal Alexandre Francchi Comboni que antes do Plano dois terços dos missionários morriam durante os primeiros dois anos de cada expedição. Depois do plano, em quatro anos ninguém morreu: os 15 missionários gozavam de boa saúde. Infelizmente a situação veio a alterar-se no final da sua vida.

O Plano expressa a necessidade de pensar globalmente em ordem para agir localmente.

Sem comentários: