12 de setembro de 2014

RÁDIO BAKHITA

© MLogel

Os serviços de segurança nacional do Sudão do Sul devolveram as chaves da Rádio Bakhita à Arquidiocese de Juba depois de manterem a estação encerrada quase um mês.

Rádio Bakhita - A Voz da Igreja em Juba foi silenciada a 16 de agosto por ter transmitido uma notícia que, segundo a segurança nacional, expressava o ponto de vista dos rebeldes na oposição armada ao regime de Salva Kiir Mayardit.

A 15 de agosto as tropas do governo atacaram posições dos rebeldes do SPLM-na-Oposição em Bentiu, usando crianças entre as tropas segundo denunciou Human Rights Watch.

Para o governo, o ataque foi iniciado pela oposição.

O editor Ocen David foi libertado depois de quatro dias de prisão numa sala sem luz com mais de 50 detidos acusados de apoiar a oposição liderada pelo ex-vice presidente Riek Machar Teny.

Ocen encontra-se em Campala, Uganda, a recuperar dos maus tratos que sofreu durante a detenção.

As duas fações do SPLM, o partido que detém o poder no Sudão do Sul desde 2005, digladiam-se desde 15 de dezembro.

Mais de 20 pessoas morreram no conflito e cerca de um milhão e meio foram deslocadas pela luta pelo poder que assumiu contornos étnicos entre nueres e dincas, as principais etnias do Sudão do Sul.

Na quinta-feira, 4 de setembro, o presidente Salva Kiir Mayardit prometeu a Dom Paolino Lukudu Loro, Arcebispo de Juba, que as chaves da Rádio Bakhita lhe seriam entregues antes de domingo.

No domingo, 7 de setembro, o ministro da informação Michael Makuei acusou Bakhita de ser financiada por estrangeiros e de «distribuir literatura subversiva», de ultrapassar o seu mandato de estação religiosa ao transmitir programas políticos, organizando fóruns diretos sem controlar o conteúdo das chamadas…

O ministro disse que a rádio tinha uma licença para transmitir programas religiosos e devia cingir a sua programação a essa área e que o seu encerramento era um aviso às outras estações privadas das Nações Unidas e do governo americano.

As mesmas acusações tinham sido feitas pelo então ministro do interior Gier Chuang, hoje na oposição ao Presidente Kiir, em 2009, quando chamou a Ir. Cecília Sierra, diretora de Bakhita, e eu, diretor de informação, à pedra.

A lei do Sudão do Sul só prevê rádios públicas e privadas. As últimas podem ser comerciais ou comunitárias. A lei não contempla rádios religiosas.

A Voz da Igreja fez a primeira transmissão experimental a 24 de Dezembro de 2006 e começou emissões regulares em Juba a 8 de fevereiro de 2007.

Foi a primeira das nove estações da Rede Católica de Rádios: oito no Sudão do Sul e uma nos Montes Nubas, no Sudão, em território controlado pelos rebeldes do SPLM-Norte.

A Voz do Amor, a rádio da diocese católica de Malakal, foi saqueada e destruída em fevereiro pelas forças da oposição.

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